Biografia Martinho Lutero
Vida e Obras
Vida: Martinho nasceu em 10 de novembro de 1483, em Eisleben, Alemanha. Foi criado em Mansfeld. Seu pai era mineiro. Trabalhava da manhã à noite nas sombrias minas de carvão. Chamava-se João Luther. Sua mãe chamava-se Margarida Luther. Na sua fase estudantil, foi enviado às escolas de latim de Magdeburg(1497) e Eisenach(1498-1501). Em uma biografia do reformador desde idade de 5 anos, Martinho começou a frequentar a escola na cidade de Mansfeld, para onde seus pais se haviam mudado. Nessa escola Lutero teve seus contatos com a Igreja, aprendeu os Dez Mandamentos, o Credo, o Pai Nosso, música sacra e também um pouco de Latim e Aritmética. Mais como comenta seus biógrafos: “Entretanto muito pouco aprendeu do amor de Deus”. Ensinavam-lhe que Jesus era um Juiz severo e não um Amigo dos pecadores. E, assim, em vez de ele amar a Jesus, tinha-lhe medo.
Afinal Lutero ingressou na Universidade. Nessa época seu pai já prosperara o suficiente para poder custear seus estudos universitários. Reconhecendo os dons de seu filho, desejava que se formasse advogado. Foi por isso que o mandou para a Universidade, em Erfurt. – Lutero continuou a estudar com afinco. Aos 21 anos recebeu o título de Bacharel em Artes, estando habilitado a lecionar. Para agradar a seu pai, Lutero continuou a estudar Direito, mas logo perdeu o interesse pela matéria. Ingressou na Universidade de Erfurt, onde obteve o grau de bacharel em artes (1502) e de mestre em artes (1505).
Em um fato curioso de sua vida de como se deu seu ingresso no convento conta seus biógrafos: que este fato aconteceu devido a um susto que teve quando caminhava de Mansfeld para Erfurt. Em meio a uma tempestade, quase foi atingido por um raio. Foi derrubado por terra e em seu pavor, gritava "Ajuda-me Santa Ana! Eu serei um monge!". Entrou para o convento Agostiniano de Erfurt. “Agora poderei viver de maneira mais agradável a Deus” disse ele. Na primavera de 1507, Lutero, com 23 anos de idade, tornou-se sacerdote. Era tão bem visto por seus superiores que o enviaram como professor para a Universidade de Erfurt e depois para a nova Universidade de Wittenberg. Dentro em pouco tornou-se famoso mestre da Bíblia.
Depois de cinco meses na cidade de Roma onde votara desapontado por encontrar na cidade do santo Padre, uma vida pecaminosa. Lutero estava de volta, e continuando a lecionar na Universidade de Wittenberg. Em 1512 recebeu o título de Doutor em Teologia, passando também a pregar na bonita catedral de Wittenberg. Seus sermões atraiam grandes multidões, as igrejas lotavam para ouvir o padre Lutero. Lutero advertia seus ouvintes a não procurarem se salvar pelas obras, mas somente pela fé em Jesus. Lutero estava galgando os escalões da Igreja Romana e estava muito envolvido em seus aspectos intelectuais e funcionais. Por outro lado, também estava envolvido em questões pessoais quanto à salvação pessoal. Sua vida monástica e intelectual não forneciam resposta aos seus anseios interiores, às suas aflitivas indagações. Seus estudos sobre a carta de São Paulo aos Romanos deixaram-no mais pensativo, particularmente diante da afirmação "o justo viverá pela fé", Romanos 1:17. Percebia ele que a Lei e o cumprimento das normas monásticas, serviam tão-somente para condenar e humilhar o homem, e que nesta direção não se pode esperar qualquer ajuda no tocante à salvação da alma. Martinho Lutero, estava trabalhando em "repensar o evangelho". Sendo monge agostiniano, Lutero estava chegando a uma nova fé, que enfatizava a graça de Deus e a justificação pela fé.
Estudando os escritos de Agostinho, Anselmo e Bernardo de Claraval, descobrindo nestes, a fé que começava a proclamar. Em 1516, publicou o devocionário de um místico desconhecido, "Theologia Deutsch". Tornou-se pároco da igreja de Wittenberg, e tornou-se um pregador popular, proclamando a sua nova fé. Opunha-se a venda de indulgências comandada por João Tetzel. E foi nessa luta ferrenha contra João Tetzel e Inspirado por vários motivos, particularmente a venda de indulgências, na noite antes do Dia de Todos os Santos, a 31 de outubro de 1517, Lutero afixou na porta da Igreja de Wittenberg, suas 95 teses acadêmicas, intituladas "Sobre o Poder das Indulgências". Seu argumento era de que as indulgências só faziam sentido como livramento das penas temporais impostas pelos padres aos fiéis. Essa atitude de Lutero não sabendo ele, levaria o mundo conhecido daquela epoca até hoje a profundas trnsformaçoes econômicas, religiosas e políticas. Repercutindo em Roma suas polêmicas Teses que colocara a Igreja papal em um situação não agradavél, foi que João Eck, denunciou Lutero em Roma, e muito contribuiu para que o mesmo fosse condenado e excluído do Igreja Romana. Silvester Mazzolini, padre confessor do papa, concordou com o parecer condenatório de Eck, dando apoio a este contra o monge agostiniano. A resposta da Igreja Romana foi imediata diante da situação do monge rebelde como assim foi chamado, em 7 de agosto de 1518, Lutero foi convocado a Roma, onde seria julgado como herege. Mas apelou para o príncipe Frederico, o Sábio, e seu julgamento foi realizado em território alemão em 12/14 de outubro de 1518, perante o Cardeal Cajetano, em Augsburg. Recusou-se a retratar-se de suas idéias, tendo rejeitado a autoridade papal, abandonando a Igreja Romana, o que ficou confirmado num debate em Leipzig com João Eck, entre 4 e 8 de julho de 1519.
A partir de então Lutero declara que a Igreja Romana necessita de Reforma, publica vários escritos, dentre os quais se destaca "Carta Aberta à Nobreza Cristã da Nação Alemã Sobre a Reforma do Estado Cristão". Em 15 de julho de 1520, a Igreja Romana expediu a bula Exsurge Domine, que ameaçava Lutero de ser excomungado, a menos que se retratasse publicamente. Lutero queimou a bula em praça pública. Carlos V, Imperador do Santo Império Romano, mandou queimar os livros de Lutero em praça pública.
Em 1521 Lutero recebeu a comunicação de que devia comparecer à Dieta (assembleia) de Worms, para ser julgado. Estavam presentes à reunião as mais altas autoridades da Igreja e do país. Novamente Lutero foi intimado a se retratar. Lutero pediu que lhe provassem da Bíblia que ele estava errado. Ninguém lhe pôde provar. Por isso Lutero se recusou a desmentir qualquer coisa do que havia dito ou escrito, dizendo que a sua consciência estava presa à Palavra de Deus, pelo que a retratação não seria seguro nem correto. Dizem os historiadores que concluiu a sua defesa com estas palavras : "Aqui estou; não posso fazer outra coisa. Que Deus me ajude. Amém". Respondendo a Dieta em 25 de maio de 1521, formalizou a excomunhão de Martinho Lutero, e a Reforma nascente também foi condenada. Lutero foi, então, declarado pessoa fora da lei. Quem o encontrasse podia matá-lo, sem medo de sofrer castigo. Simulando um rapto seus amigos o levaram para o Castelo de Wartburg onde adotou o nome de Cavaleiro Jorge, lá o Reformador escreveu uma de suas maiores obras o Novo Testamento em alemão afim de que todo o povo pudesse ler a palavra de Deus em sua própria língua, e assim compreender a vontade de Deus. E em outro fato importante da época Poucos anos antes, Gutenberg havia aperfeiçoado o prelo, descobrindo o sistema de letras móveis. Isso possibilitou que se imprimisse o Novo Testamento em muitos milhares de exemplares, podendo assim ser vendido ao povo por preço mais acessível. Antes desse tempo os livros eram escritos à mão. Uma Bíblia, assim escrita, custava uma pequena fortuna, e só os mais ricos a podiam comprar. Após um ano de retiro forçado no castelo de Wartburg, Lutero voltou para Wittenberg e continuou a pregar na sua igreja. Lutero vivia em constante perigo de ser preso e morto. E ainda que seus amigos temessem por sua vida, nada lhe aconteceu. Lutero ter continuado vivo naqueles dias foi um verdadeiro milagre porque Deus jamais o abandonou. Em sua vida particular e familiar A 13 de junho de 1525, Lutero casou com Catarina de Bora, uma antiga freira que abandonara o convento por reconhecer o erro da vida enclausurada. A cerimônia de casamento realizou-se no Mosteiro Negro de Wittenberg, há pouco transformado em residência para Lutero. Deus abençoou este matrimônio com três meninos e três meninas.
Obras: Revestiu-se de uma importância muito particular a sua atividade docente entre 1513 e 1518. Durante estes anos comentou os Salmos e as Epístolas de S. Paulo aos Romanos, aos Gálatas e aos Hebreus. O Sermão sobre a indulgência e a graça (1517). Na sua exegese segue o método tradicional que consistia em extrair de cada passo bíblico quatro sentidos diferentes: o literal (aplicado a David e Cristo), o alegórico (à Igreja), o tropológico (aos fiéis) e o analógico (à escatologia). A Epístola aos Romanos foi comentada a seguir. Mas só em 1908 é que a obra veio a ser editada. É outro trabalho notável para compreender a teologia de Lutero, sendo o comentário mais acessível do que o dos Salmos. O ano de 1520 foi marcado pela publicação de quatro obras que constituem fontes capitais para o conhecimento da Reforma: Sermão sobre boas obras, Manifesto à nobreza cristã da nação alemã, Prelúdio sobre o cativeiro babilónico da igreja e Tratado da liberdade cristã.
A versão da Bíblia de Lutero
Constitui uma das obras primas da literatura alemã. Já antes de Lutero se haviam feito O Reformador iniciou a sua tradução em 1521 em Wartburg e em 1 semanas estava o trabalho terminado. O A. T. demorou mais tempo. Só em 1534 o deu por concluído, ou seja, levou uns 11 anos a realizar o trabalho. A sua tradução baseia-se na versão grega, não sendo, contudo, possível determinar em cada caso até onde vai a sua referência ao texto original. Para o A. T. Lutero teve o apoio de alguns hebraistas como Melanchton. A Lutero se deveu também a criação de certo número de palavras. Assim temos Sundenbock (bode expiatóiio), Machtwort (palavra enérgica), Kleinglaubig (de pouca fé), gottgefállig (agradável a Deus), gnadenrezch (rico em graça), Glanbenskaupf (combate de fé), Sundenangst (medo por causa do pecado), Winkelpediger (pregador de pequeno), Biederturmer (iconoclasta), Wortgezank (disputa de palavras). De Junho de 1535 a Novembro de 1545 Lutero comentou o Génesis, último livro bíblico estudado. Em 1524 publicou o primeiro hinário evangélico. Ajudou a escrever a Confissão de Augsburgo, publicada em 1530. Completou a tradução do Velho Testamento em 1534.
Últimos dias do grande Reformador
Lutero No dia 23 de janeiro de 1546, a pedido insistente dos príncipes de Mansfeld, Lutero viajou para Eisleben. Como não se sentisse bem de saúde para empreender sozinho a viagem, levou consigo seus filhos Martinho e Paulo, pois o tempo estava mau e as estradas quase intransitáveis. Foram necessários cinco dias para vencer a distância de 120 quilômetros. Na noite do dia 17 de fevereiro, foi levado para seu quarto, a fim de descansar. Junto a sua cama permaneceram seus dois filhos e três amigos íntimos. Lutero sabia que seu fim se aproximava. Em fervorosa oração encomendou sua alma ao Pai celestial. Um dos amigos perguntou-lhe se estava preparado para morrer em nome do Senhor Jesus Cristo, cuja doutrina havia pregado. Lutero respondeu com voz clara: “Sim.” Em seguida cerrou seus olhos para seu derradeiro sono aqui na terra, e os anjos de Deus levaram sua alma para as mansões celestiais, preparadas para ele e para todos os crentes, pelo Salvador Jesus Cristo. Lutero morreu no dia 18 de fevereiro de 1546. Seu corpo foi levado para Wittenberg. No dia 22 de fevereiro foi sepultado na Igreja do Castelo, bem defronte do púlpito, onde permanece até hoje. Lutero está morto, mas sua obra permanece. A Reforma da igreja, por ele iniciada, espalhou-se por todas as partes do mundo. Jesus, o Rei da Graça, proclamado por Lutero, vive nos corações de milhões de cristãos. Até aqui, Lutero continua a ser honrado como o grande mestre da Igreja Luterana e de todo Protestantismo. Rev. J. Kllingher.
OBS: (O texto citado acima, pertence ao meu ilustrissimo amigo e Pastor Rev. Genival Oliveira.)